A
evolução da geografia pré-cientifica, A FORMAÇÃO DA GEOGRAFIA
CIENTIFICA. Desenvolvimento de conceitos próprios da ciência geográfica e
importância da operalidade e aplicabilidade do conhecimento geográfico.
Os
Gregos foram a primeira cultura conhecida a explorar ativamente a
Geografia como ciência e filosofia, sendo os maiores contribuintes Tales de Mileto, Heródoto,Eratóstenes, Hiparco, Aristóteles, Estrabão e Ptolomeu. A cartografia feita pelos romanos,
à medida que exploravam novas terras, incluía novas técnicas. O périplo
era uma delas, uma descrição dos portos e escalas que um marinheiro
experimentado poderia encontrar ao longo da costa; dois exemplos que
sobreviveram até hoje são o périplo do cartaginês Hanão o Navegador e um
périplo do mar eritreu, que descreve as costas do Mar Vermelho e do
Golfo Pérsico...
Durante
a Idade Média, Árabes como Edrisi, Ibn Battuta e Ibn Khaldun
aprofundaram e mantiveram os antigos conhecimentos gregos. As viagens de
Marco Polo espalharam pela Europa o interesse pela Geografia. Durante a
Renascença e ao longo dos séculos XVI e XVII, as grandes viagens de
exploração reavivaram o desejo de bases teóricas mais sólidas e de
informação mais detalhada. A Geographia Generalis de Bernardo Varenius e
o mapa-mundo de Gerard Mercator são exemplos importantes.
Durante
o século XVIII, a Geografia foi sendo discretamente reconhecida como
disciplina e tornou-se parte dos currículos universitários. Ao longo dos
últimos dois séculos a quantidade de conhecimento e o número de
instrumentos aumentou enormemente. Há fortes laços entre a Geografia, a
Geologia e a Botânica.
No
Ocidente, durante os séculos XIX e século XX, a disciplina geográfica
passou por quatro fases importantes: determinismo geográfico, geografia
regional, revolução quantitativa e geografia radical.
O
determinismo geográfico defendia que as características dos povos se
devem à influência do meio natural. Deterministas proeminentes foram
Carl Ritter, Ellen Churchill Semple e Ellsworth Huntington. Hipóteses
populares como "o calor torna os habitantes dos trópicos preguiçosos" e
"mudanças freqüentes na pressão barométrica tornam os habitantes das
latitudes médias mais inteligentes" eram assim defendidas e
fundamentadas. Os geógrafos deterministas tentaram estudar
cientificamente a importância de tais influências. Nos anos 1930, esta
escola de pensamento foi largamente repudiada por lhe faltarem bases
sustentáveis e por ser propensa (frequentemente intolerante) a
generalizações.
O
determinismo geográfico constitui um embaraço para muitos geógrafos
contemporâneos e leva ao ceticismo sobre aqueles que defendem a
influência do meio na cultura (como as teorias de Jared Diamond). Porém o
determinismo foi uma teoria reducionista do pensamento do alemão
Friedrich Ratzel, que dizia que o meio influencia, mas não que
determinava o homem. E muito provavelmente esta teoria tenha sido criada
por políticos e militares de uma classe hegemônica-dominante-européia
para justificar a exploração em suas colônias. Tanto que para os
geógrafos mais esclarecidos, o possibilismo de Vidal de La Blache
(teoria que vem a dizer que o homem tem a possibilidade de intervir no
meio), seria na verdade um complementação, uma continuação da teoria de
Ratzel e não uma oposição, como a maioria enxerga e ensina, de forma
simplista.
A
Geografia Regional representou a reafirmação de que os aspectos
próprios da Geografia eram o espaço e os lugares. Os geógrafos regionais
dedicaram-se à recolha de informação descritiva sobre lugares, bem como
aos métodos mais adequados para dividir a Terra em regiões. As bases
filosóficas foram desenvolvidas por Vidal de La Blache e Richard
Hartshorne. Vale à pena lembrar que enquanto Vidal vê a região como uma
determinada paisagem, onde os gêneros de vida determinam a condição e a
homogeneidade de uma região, Hartshorne não utiliziva o termo região:
para ele os espaços eram dividos em classes de área, nas quais os
elementos mais homogêneos determinariam cada classe, e assim as
descontinuidades destes trariam as divisões das áreas. E este ficou
conhecido como método regional.
A
revolução quantitativa foi a tentativa de a Geografia se redefinir como
ciência, no renascer do interesse pela ciência que se seguiu ao
lançamento do Sputnik. Os revolucionários quantitativos, frequentemente
referidos como "cadetes espaciais", declaravam que o propósito da
Geografia era o de testar as leis gerais do arranjo espacial dos
fenômenos. Adotaram a filosofia do positivismo das ciências naturais e
viraram-se para a Matemática - especialmente a estatística - como um
modo de provar hipóteses. A revolução quantitativa fez o trabalho de
campo para o desenvolvimento dos sistemas de informação geográfica.
Neste
caso, é bom lembrar que a geografia em seu início com Humboldt, Ratzel,
Ritter, La Blache, Hartshorne e outros já se utilizava de métodos
positivistas, e a mudança de paradigma que ocorreu com a matematização
do espaço foi a da inclusão da informática para a quantificação dos
dados, pelo método neopositivista, por volta dos anos 1950 no Brasil.
Apesar
de as perpectivas positivista e pós-positivista permanecerem
importantes em Geografia, a Geografia Radical surgiu como uma crítica ao
positivismo. O primeiro sinal do surgimento da Geografia Radical foi a
Geografia Humanista. A partir do Existencialismo e da Fenomenologia, os
geógrafos humanistas (como Yi-Fu Tuan)debruçaram-se sobre o sentimento
de, e da relação com, lugares. Mais influente foi a Geografia Marxista,
que aplicou as teorias sociais de Karl Marx e dos seus seguidores aos
fenómenos geográficos. David Harvey e Richard Peet são bem conhecidos
geógrafos marxistas. A Geografia feminista é, como o nome sugere, o uso
de ideias do feminismo em contexto geográfico. A mais recente estirpe da
Geografia Radical é a geografia pós-modernista, que emprega as ideias
do pós-modernismo e teorias pós-estruturalistas para explorar a
construção social de relações espaciais.
Em
se tratando de Brasil, não se pode deixar de observar a grande
importância e influência do Geógrafo mais reconhecido do país seguido de
Aziz Ab´Saber e seu pioneirismo, não por profissão, mas por méritos,
Milton Santos. Com várias publicações, Milton Santos, tornou-se o pai da
Geografia Crítica que faz análises e fenomenológicas dos fatos e
incidências de casos. Isso é importante, visto que a Geografia é uma
ciência global e abrangente, e somente o olhar geográfico aguçado
consegue identificar determinados processos, sejam naturais ou
sócio-espaciais. Vale ressaltar também os importantes estudos do
professor Jurandyr Ross, que se dedicou a mapear, de forma bastante
detalhada, o relevo brasileiro além das inúmeras publicações do
professor doutor José William Vesentini que se tornaram referência no
estudo da Geografia no Brasil. Não podendo esquecer de geógrafos como
Manuel Correa de Andrade, Roberto Lobato Côrrea, Ruy Moreira, Armando
Correa da Silva, Antonio Cristofoletti, Ariovalvdo Umbelino de Oliveira,
entre outros de outras épocas que não foram tão reconhecidos como os
Uspianos.
Referências
Santiago, Emerson. História da Geografia. Info Escola. Página visitada em 12 de Abril de 2014.
↑ "Geografia". (em português) Nova Enciclopédia Barsa 7. (1998). São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações. p. 60-69.
↑ "Geografia". (em português) Enciclopédia Barsa Universal 8. (2009). São Paulo: Barsa Planeta. p. 2726-2731.
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